história

1912 - 1915
Origens

1915 - 1929
Supremacia

1930 - 1942
América vermelho

1943 - 1963
Era Alameda

1964 - 1979
Era Mineirão

1980 - 1989
Reestruturação

1990 - 2002
Era Independência

2003 - 2011
Crise e Renascimento

2012 -
Centenário

acervo
Acervo do Coelho | America MG » 2015 » janeiro

Jair Bala

Jair Bala

Jair Bala 33 (foto oficial)

Jair Bala dá o pontapé inicial da nova Arena Independência em 2012. (Foto: Reprodução – Foto oficial)

Nome completo: Jair Félix da Silva
Data de nascimento:
10/05/1943
Cidade de origem: Cachoeiro do Itapemirim – ES
Clubes: Flamengo (1960-1962); Botafogo (1963); América (1964-65, 71-72); Comercial (1965-66); Palmeiras (1967-68); XV de Piracicaba (1968); Santos (1969-70); América (1970-71); Paysandú (1972-73)
Partidas pelo América: 91
Gols pelo América: 79

O MELHOR DE TODOS OS TEMPOS

Capixaba da pequena cidade de Cachoeiro do Itapemirim, onde também nasceu o cantor Roberto Carlos, Jair Bala é considerado o melhor jogador da história do América. E não apenas segundo o consenso quase unânime dos torcedores americanos, como também de acordo com a pesquisa promovida pelo jornal “O Estado de Minas” em 1996, às vésperas do centenário da capital mineira. O craque é o oitavo maior artilheiro da história do Coelho, tendo marcado 79 gols em 91 jogos durante duas passagens inesquecíveis pelo clube.

Na primeira delas, foi artilheiro e considerado o melhor jogador do Campeonato Mineiro de 1964, quando marcou nada menos que 25 gols durante a competição – marca superada por apenas 5 jogadores durante os mais de 100 anos do Estadual Mineiro. Até hoje, a quantia permanece como um recorde individual de gols do América e do estádio do Independência em uma edição do Campeonato. A identificação do craque com o América naquele ano foi tão imediata, que Jair Bala estreou com 2 gols durante uma memorável goleada no clássico contra o Atlético-MG e (5×2).

Já em 1965, Jair Bala esteve entre os dois atletas americanos que participaram da partida de inauguração do Estádio do Mineirão. No entanto, vice-campeão estadual duas vezes consecutivas em 1964 e 65, o craque não conseguiu um título durante sua primeira passagem pelo clube.

Vendido ao futebol paulista a peso de ouro em 1965, Jair Bala retornou ao América em 1970, com a experiência de quem fez dupla com Pelé no ataque do Santos, ou de quem foi campeão brasileiro com o Palmeiras de Ademir da Guia. O craque do América, inclusive, ficou marcado por substituir “O Rei do Futebol” durante a histórica partida do milésimo gol de Pelé.

Jair Bala voltou ao Coelho para conquistar aquilo que lhe havia faltado durante sua primeira passagem pelo clube: o primeiro título americano na “Era Mineirão”. O craque não decepcionou e liderou o América rumo ao título invicto do estadual, mesmo durante uma temporada que ficou conhecida na época como “o ano de ouro do futebol mineiro”. Jair Bala foi novamente artilheiro da competição, com 14 gols, e impressionou ainda mais ao marcar nada menos que 5 gols de bicicleta durante o certame , segundo lenda propagada não apenas por torcedores americanos como também por importantes referências da imprensa local. O mais famoso deles, contra o Uberlândia em duelo válido pela última rodada, garantiu a vitória e o título do América (3×2) em pleno Mineirão.

O jogador se despediu do clube em 1972 e ainda passou pelo Paysandu antes de pendurar as chuteiras. Jair Bala também foi treinador do América em 1979 e 1987-88, e atualmente defende o clube nas tribunas do programa esportivo Alterosa Esporte. O craque possui um espaço especial na calçada da fama do Gigante da Pampulha, onde tem os pés eternizados ao lado de outros 11 antigos jogadores americanos.

Jair Bala Indepa (doentesporfut)

Jair Bala é o maior símbolo americano do passado em atividade.

Origens

Jair Bala começou a carreira nas categorias de base do Flamengo da década de 50, onde emergiu junto à uma geração que revelou craques do porte de Dida, camisa 10 que serviu de inspiração a Zico, e Gérson, o eterno canhotinha de ouro, campeão mundial em 1970.

Foi na equipe rubro-negra que o jogador recebeu o apelido que marcou sua carreira, após um perigoso incidente com um funcionário do clube, que acidentalmente lhe acertou um tiro na perna. Poderia ter sido fim, mas foi apenas o começo: A bala está alojada em sua coxa até hoje. Morria Jair Félix, nascia Jair Bala.

O apelido se confirmou definitivamente quando Jair se transferiu para o Botafogo, e o canhotinha Gérson passou a diferencia-lo de Jairzinho, artilheiro da Copa do Mundo de 1970, como o “Jair da Bala”. Mais tarde, o craque descreveu com as próprias palavras o acidente ocorrido durante os tempos na Gávea:

Jair Bala deixou o Flamengo em 1962, logo após o clube promover uma controversa mudança no comando técnico das categorias de base, quando o paraguaio Fleitas Solich, um dos maiores treinadores da história do clube, foi inesperadamente substituído por Flávio Costa. O novo treinador, de estilo rígido e disciplinador, ficou conhecido por desperdiçar alguns dos principais talentos da antiga base rubro-negra, como foi o caso não apenas de Jair Bala, que se destacou por Botafogo, Palmeiras e Santos, e viria a ser o melhor jogador da história do América, como também de Gérson, “O Canhotinha de Ouro”, considerado um dos melhores meio-campistas da história do futebol brasileiro.

Ao lado de Gérson, camarada de longa data, Jair foi convidado a jogar no Botafogo especialmente revoltado após Flávio Costa dizer que lhe trocaria por um par de chuteiras do lendário Garrincha. O treinador pagou caro pela forma como repudiou alguns jovens jogadores, e a equipe rubro-negra logo passou a assumir um papel de coadjuvante no futebol carioca diante da próxima equipe de alguns antigos flamenguistas.

Da Gávea à General Severiano, Bala chegou no Botafogo disposto a fazer Flávio Costa engolir as próprias palavras e cumpriu sua missão. No time da Estrela Solitária, o craque fez parte de uma equipe imortal, disparadamente a melhor da história botafoguense até hoje. Ao lado de lendas como Garrincha, Nilton Santos, Gérson, Amarildo, Jairzinho e Zagallo, foi campeão do primeiro título internacional do clube, o Torneio de Paris de 1963, tendo participação decisiva na final, quando anotou belo gol contra o Olympique de Marsella. Por algum tempo, até deixou o “Lobo” Zagallo no banco.

Desfilando seu talento ao lado de Garrincha e Nilton Santos, Jair Bala viveu no Botafogo o primeiro período de grande sucesso de sua carreira. Após bela atuação contra o Madureira durante o Campeonato Carioca do mesmo ano, o talento do craque foi prestigiado pela crônica do tricolor Nelson Rodrigues:

“(…)se Jair fosse simplesmente Jair, estaria apodrecendo na obscuridade. À toda hora, em toda parte, nós esbarramos, nós tropeçamos num Jair qualquer.(…)

Contra o Madureira, o nosso Jair se disparou realmente como um tiro. Desde o primeiro minuto, foi uma arma apontada para o peito do inimigo. E todos percebemos, em General Severiano, que nunca um Jair fora tão bala. É a autenticidade dos apelidos, que nunca existe nos nomes (…)”

Jairzinho e Jair Bala

Primeiro Reinado

Jair Bala deixou o Botafogo em 1964, quando o treinador Danilo Alvim foi substituído por Zolo Rabelo e, novamente, o craque perdeu espaço em uma equipe do futebol carioca a partir de mudanças na comissão técnica. Coisa normal no futebol. No entanto, um dirigente americano que acompanhava a novela e apreciava o futebol do meia-atacante não perdeu tempo e fez o histórico convite. Coisa normal no futebol.

Jair Bala aceitou vir ao América com a aposta de ascensão do futebol mineiro com a inauguração do “Gigante da Pampulha”, prevista para o ano seguinte. O jogador provou estar certo, e conseguiu grande destaque ao ser o craque e o artilheiro do último Campeonato Mineiro antes da “Era Mineirão”, em 1964.

O sucesso foi tão imediato que, logo em sua primeira partida pelo América, Jair Bala marcou 2 gols e comandou uma histórica goleada por 5×2 sobre o Atlético, ao lado de seu grande parceiro no ataque Dario Alegria. Desde então, caiu nas graças da torcida alviverde e nunca mais deixou o coração dos americanos.

Naquele ano, Jair Bala também quebrou o recorde individual de gols do clube em uma edição do Campeonato Mineiro, quando foi artilheiro da competição com nada menos que 25 gols – recorde idêntico ao de Tostão no mesmo Campeonato, em 1968. Durante os mais de 100 anos de história do Campeonato Mineiro, apenas 5 jogadores marcaram mais que Jair Bala naquele ano.

A marca também o transformou no maior artilheiro do Estádio Independência em uma edição do Campeonato Mineiro, já que a maioria dos jogos do América foram disputados no antigo estádio do Sete. Após a competição, Jair Bala também foi titular da Seleção Mineira de Futebol e eleito o melhor jogador mineiro do ano pelos imprensa esportiva local.

america x sid. 64 (super)

A única coisa que lhe faltou foi o título. Apesar do América ser tido como grande favorito para levar a fatura, a equipe de Jair Bala deixou a taça certa escapar após uma surpreendente final diante do inexpressivo Siderúrgica. Precisando apenas de um empate para ser campeão, o América até saiu na frente, mas inacreditavelmente permitiu a virada do time visitante, para o desespero da torcida que tomava conta do Estádio da Alameda.

Um desastre, que marcou a história do América para sempre. Com a derrota, o Coelho também deu adeus a Taça Brasil de 1965, na qual teria direito de participação se fosse campeão, representando Minas Gerais em uma competição nacional na primeiro temporada da “Era Mineirão”. Um desastre ainda maior para Jair Bala, que só faltou fazer chover durante a competição e, certamente, merecia o título.

Em 1965, Jair Bala novamente liderou uma boa campanha americana, mas, ainda abalado pelo título perdido no ano anterior, foi novamente vice-campeão, dessa vez para o Cruzeiro.

O último grande momento da primeira passagem de Jair Bala pelo América foi durante a inauguração do estádio do Mineirão. Ao lado do atacante Geraldo, o craque representou o Coelho durante a histórica vitória da Seleção Mineira de Futebol sobre o River Plate, por 1×0, a primeira partida da história do estádio.

Jair Bala 64 (super)

Sucesso no futebol paulista

Logo após o Campeonato Mineiro de 1965, o Comercial de Ribeirão Preto investiu alto para comprar o passe de Jair Bala do América e depositou 50 milhões de cruzeiros entre passe, salários e luvas para adquirir o craque. Naquele ano, a diretoria do Comercial abriu os cofres com a promessa de montar o melhor time do interior paulista, e não decepcionou. Além de Jair, a equipe alvinegra também apostou em Amaury Horta, outra grande revelação do América na década, com passagem pela Seleção Brasileira entre 1967 e 69.

No fim, valeu a pena para o clube de Ribeirão. Comandado pelos americanos Jair Bala e Amaury Horta, o Comercial fez bonito no Campeonato Paulista de 1965 e alcançou a sua melhor colocação na história do Campeonato Paulista da Primeira Divisão, ao ficar com um lugar no pódium (3o lugar), à frente de equipes como o Santos de Pelé e o São Paulo de Roberto Dias e atrás apenas do Palmeiras de Ademir da Guia e do Corinthians de Rivellino.

Durante a campanha, o “Leão Caipira” protagonizou partidas épicas: Contra o Santos, na Vila Belmiro, o Comercial foi o coadjuvante do “jogo mais emocionante da história do Campeonato Paulista”, que terminou 7×5 para os santistas. A equipe também foi responsável por encerrar a invencibilidade de 14 jogos do Palmeiras, futuro campeão, em pleno Parque Antártica (2×1), além de golear o Bragantino por nada menos que 8×1.

Jair Bala comercial

Após a competição, o passe de Jair Bala, ainda mais valorizado, foi vendido ao Palmeiras, atual campeão estadual. O meia-atacante então passou a fazer parte da famosa “Academia palmeirense” dos anos 60, considerado por muitos torcedores a melhor equipe da história do clube. Ao lado de jogadores como Ademir da Guia, Didi e Leão, além de seu antigo companheiro de América, Dario Alegria, Jair Bala foi campeão do Robertão de 1967, torneio em nível nacional, e jogou partidas importantes pelo alviverde palestrino durante toda competição. Na decisiva semifinal contra o Grêmio, Bala foi o autor do gol que garantiu o time paulista na final nacional.

Jair Bala Palmeiras

Jair Bala e Pelé

Jair Bala trocou o Palmeiras de Ademir da Guia pelo Santos de Pelé em 1969, quando teve a oportunidade de jogar ao lado do “Rei do Futebol” e outros gênios que encantaram o Brasil a serviço do alvinegro praiano. O jogador foi campeão paulista em 1970 pelo Santos.

A passagem de Jair Bala pelo clube rendeu elogios públicos de Pelé, que chegou a declarar para a imprensa que o craque seria seu “parceiro ideal” no ataque, apesar da teimosia do técnico Orlando Fantoni (que treinou o Coelho em 1973) em deixa-lo no banco. Principalmente naquela época, não significava pouca coisa ser elogiado publicamente pelo “Rei do Futebol”.

Jair Bala e pelé

No jogo que precedeu o milésimo gol de Pelé, foi Jair Bala quem marcou o gol do empate santista contra o Bahia (1×1), na Fonte Nova, momentos antes do histórico lance em que o goleiro Gilmar evitou o gol 1000 em Salvador e foi vaiado pela própria torcida baiana. Além disso, Bala teve a honra de substituir Pelé no jogo que enfim confirmou o milésimo gol do Rei, contra o Vasco, no Maracanã.

O segundo reinado

Jair Bala classic

Após anos de sucesso no futebol paulista, Jair Bala deu adeus ao Santos de Pelé e confirmou o tão esperado retorno ao América. Para os torcedores, era como a volta de Dom Sebastião.

Jair Bala voltava com a promessa de conquistar o que lhe havia faltado em sua primeira passagem pelo clube e liderar o Coelho rumo a seu primeiro título na “Era Mineirão”. Jair Bala não decepcionou as altas expectativas da torcida americana, que ainda era a segunda maior de Minas, e comandou o primeiro título do América no estádio do Mineirão, que confirmou o renascimento da equipe no cenário local – já que, desde que deixara o clube, o Coelho não brigava pelo título estadual.

Jair Bala classic

Novamente artilheiro da competição, dessa vez com 17 gols, Jair Bala conseguiu levar o América ao título estadual invicto mesmo durante uma temporada que foi chamada na época de “o ano de ouro do futebol mineiro”. Afinal, para erguer o histórico troféu, o Coelho de Jair Bala superou equipes como o Atlético Mineiro de Telê Santana, campeão brasileiro do mesmo ano, o Cruzeiro de Tostão, que teve a séria penta-campeã estadual interrompida um ano antes, e até o tradicional Villa Nova, que foi o primeiro campeão da Taça de Prata, equivalente ao Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão.

Para acompanhar Jair Bala, o América recontratou antigos craques da equipe vice-campeã em 1964 e 65, como Amaury Horta, convocado para a Seleção Brasileira durante a década de 60, além de Dario Alegria e Dirceu Alves, dois jogadores que também fizeram sucesso no futebol paulista. O Coelho também tinha outros grandes jogadores como Pedro Omar, Bola de Prata da Revista Placar em 1973, e os atacantes Cãndido e Misael. Apesar da qualidade coletiva, talvez nenhum outro título do América tenha marcado tanto um jogador símbolo como 1971 marcou Jair Bala.Jair Bala_capa_placar

Nesse ano, o craque repetiu o feito de 1964 e foi novamente artilheiro da competição, ao marcar mais da metade dos gols do América no certame: 17, entre 38. Além disso, segundo a lenda viva não apenas entre americanos, Jair Bala marcou nada menos que cinco gols de bicicleta no mesmo Campeonato, um deles durante o jogo que garantiu o título contra o Uberaba – Não há registro de nenhum outro jogador a realizar tal feito no futebol mineiro, nem no futebol brasileiro.

Após a competição, Jair Bala foi novamente convidado a servir a Seleção Mineira de Futebol, durante o confronto das Seleções Estaduais. Além disso, mesmo em duelo com jogadores como Tostão e Reinaldo, Jair Bala conseguiu ser eleito o melhor jogador do Campeonato Mineiro pela segunda vez em sua carreira.