ERA INDEPENDÊNCIA

1990: VICE-CAMPEÃO BRASILEIRO

Vice-campeão brasileiro do Campeonato Brasileiro da Série C
Promovido a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro
Terceiro colocado no Campeonato Minero

Logo após tomar posse do estádio do Independência em 1988, o América confirmou de vez a chegada dos novos tempos com o vice-campeonato brasileiro da Série C em 1990, durante sua segunda participação na história do torneio. A campanha não apenas levou o clube de volta às divisões principais do futebol brasileiro, como representou o primeiro passo de um importante processo de reestruturação: Com novo estádio, centro de treinamento e forte investimento nas categorias de base, a estrutura americana foi renovada e o futebol do Coelho voltou a estar à altura de sua camisa e tradição nos anos 1990.

O time do América vice-campeão em 1990 revelou uma safra de bons jogadores como Palhinha, artilheiro da Copa Libertadores de 1992, Ronaldo Luís, bi-campeão mundial com o São Paulo, e Sílvio, chuteira de ouro de Minas Gerais na temporada, além de dispor de goleiros do nível de João Leite, recordista de jogos pelo Atlético Mineiro, e Jairo, recordista de jogos pelo Coritiba. Não à toa, os quatro primeiros mencionados fizeram parte da tradicional Seleção do Ano do jornal “O Estado de Minas”, enquanto Palhinha foi eleito o craque do ano de 1990.

Com 9 vitórias, 6 empates e apenas 2 derrotas, o desempenho garantiu o acesso americano e a primeira final nacional da história do América. Vale lembrar que o Coelho já participou de duas finais da Série C.

Depois de empatar por 0x0 no Independência, o Coelho desperdiçou o título nos pênaltis contra o Atlético-GO, após resultado idêntico em um Serra Dourada lotado por quase 50.000 torcedores.

1990, vice campeao (Acervo Marinho Monteiro)

O time do América que foi vice-campeão brasileiro em 1990 contava com grandes jogadores como Palhinha (primeiro agachado), João Leite (goleiro), Ronaldo Luís (terceiro de pé da esquerda para direita) e Sílvio (terceiro abaixado). (Reprodução: Acervo pessoal Marinho Monteiro)

1992: RETORNO ÀS FINAIS E À ELITE NACIONAL

Vice-campeão estadual
Sexto colocado no Campeonato Brasileiro da Série B
Promovido a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro

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América dá a fim a hegemonia de finais entre Atlético e Cruzeiro e é vice-campeão mineiro de 1992.

De volta à final

Depois de 19 anos, o América voltou a decisão do Campeonato Mineiro em 1992, encerrando o mais longo jejum de finais do Estadual de sua história como clube profissional. O Coelho foi vice-campeão, mas a campanha deu fim a hegemonia de decisões entre Atlético e Cruzeiro que pairava desde quando o América de Juca Show e Pedro Omar foi vice-campeão para o Cruzeiro de Nelinho e Palinha em 1973; Desde então, de 1973 a 1992, nenhum outro clube mineiro havia sido vice-campeão, além de Atlético e Cruzeiro, com o América abrindo e fechando esse ciclo.

Essa foi apenas a primeira vez na história que o Cruzeiro derrotou o América em uma final direta (em 1973, o campeonato foi decidido por um quadrangular final), enquanto o Coelho já teve o prazer de derrotar seu rival em finais durante duas oportunidades na história (1922 e 2000).

Seja como for, a campanha reabriu as portas das grandes decisões do Campeonato Mineiro para o América, que voltou a participar de importantes momentos do Estadual durante os 10 anos seguintes, quando foi duas vezes campeão (1993 e 2001), chegou a três finais (1992, 1999, 2001), foi três vezes vice (1992, 1995 e 1999) e ficou cinco vezes entre o primeiro e o segundo lugar da competição (1992, 1993, 1995, 1999, 2001), além de ficar as outras cinco vezes em terceiro. A época, foi o décimo-terceiro vice estadual do América, entre 16 no total. O desempenho demonstra que o América voltou a competir em alto nível durante a década de 90, principalmente no cenário estadual, quando era um dos candidatos pelo título mineiro quase todo ano.

Apesar da mania do futebol brasileiro de desvalorizar os vice-campeões, a equipe de 1992 também possui seu lugar de honra na história americana, já que contribuiu diretamente para reafirmar a auto-estima americana e recolocar o Coelho de volta ao topo das grandes disputas no cenário estadual. Além disso, a base do time de 1992 foi a mesma que conquistou o título estadual no ano seguinte, tendo importantes jogadores titulares presentes nas duas campanhas, como o goleiro Milagres (recordista de jogos pelo América), o zagueiro Luiz Carlos Marins (autor de 273 partidas pelo clube), o meia Flávio Lopes (campeão em 93 como técnico e em 2000 como treinador) e os atacantes Hamilton e Róbson, que fizeram sucesso pelo Cruzeiro nos anos 80.

CAMPANHA

Segundo colocado da primeira fase, o grande momento do América na competição foi durante as semifinais, quando o Coelho enfim voltou a eliminar seu maior rival depois de uma década de 80 sem muito brilho em clássicos de mata-mata. Antecipando o destino do Estadual de 1993, o América venceu os dois clássicos por 3×2 após atuações heroicas.

De volta a final depois de 20 anos, o Coelho encarou o Cruzeiro em uma decisão “melhor de três”. O América até foi bem no primeiro jogo, mas perdeu por 3×2 após uma equilibrada decisão. Na segunda final, durante o maior público já registrado em um clássico entre América e Cruzeiro no Mineirão (mais de 65 mil pessoas), Renato Gaúcho marcou os 2 gols que garantiram a taça cruzeirense. Foi apenas a primeira vez na história que o Cruzeiro venceu uma final direta contra o América, enquanto o Coelho já venceu duas finais contra seu rival.

ACESSO A SÉRIE A

Além de voltar a final do Campeonato Mineiro, o América também comemorou o retorno à elite principal do futebol brasileiro em 1992, após 12 anos de ausência. Com o acesso relâmpago, o Coelho pulou da Terceira à Primeira Divisão em apenas 2 anos entre 1990 e 1992.

Dez equipes foram elevadas de divisão naquele ano, e o América acabou sendo beneficiado indiretamente por um regulamento controverso, que foi organizado principalmente para favorecer o Grêmio, o primeiro clube de grande torcida no país a ser rebaixado para a Série B.

O América terminou a competição na sexta posição, sete pontos a frente da equipe gaúcha, que ficou em nono lugar. Um acesso legítimo, já que o Coelho apenas cumpriu seu papel e jogou abraçado com o regulamento oficial durante a competição.

O desempenho valeu uma vaga na elite máxima do futebol brasileiro após 12 anos de ausência. O Coelho não disputava a Primeira Divisão Nacional desde as nove participações consecutivas entre 1970 a 79. O presidente Magnus Lívio aproveitou o bom momento para fazer grandes investimentos para a temporada de 1993, a fim de cumprir o planejamento previsto quando foi eleito, que era não apenas colocar o América na primeira Divisão, como fazer o clube voltar a ser campeão mineiro.

1993: Campeão Mineiro após 21 anos

Campeão estadual
16o no Campeonato Brasileiro da Série A
25o colocado na Copa do Brasil
*Punido pela CBF por acionar a Justiça Comum 

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América campeão mineiro de 1993. (Reprodução: Acervo Torcida Desorganizada Avacoelhada)

Redenção: O fim do tabu

O América encerrou seu maior jejum de títulos como clube profissional em 1993, dando fim a um tabu que pairou por 21 anos, desde a última conquista estadual invicta em 1971. Foi um título histórico, aguardado por uma geração de americanos que nunca haviam visto o time ser campeão mineiro. A campanha serviu para consagrar a volta do clube ao grande cenário estadual e iniciar um importante processo de novas conquistas, já que a partir do título de 1993, o museu americano recebeu sete importantes títulos.

Com 12 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota, a campanha hegemônica do América representou a grande redenção dos torcedores da época. Afinal, após tantas frustrações nos anos 80, o Coelho simplesmente não perdeu nenhum clássico durante a campanha, com 3 vitórias e 3 empates contra seus maiores rivais.  Além disso, liderado pelo goleiro Milagres, jogador que mais vestiu a camisa do clube na história, e pelo zagueiro Luiz Carlos Marins, autor de 273 partidas pelo Coelho, o América ficou mais de 400 minutos sem sofrer gols durante a competição, tendo média de menos de “meio-gol” sofrido por jogo (0,44).

O inesquecível trio de ataque americano também chamou atenção. Formado por Euller, Hamilton e Robson, o ataque foi responsável por 23 dos 32 gols marcados pela equipe. Hamilton foi o artilheiro do Campeonato, com 15 gols, enquanto Euller, o lendário “Filho do Vento”, foi eleito a grande revelação da competição. Outro grande ídolo da conquista foi o camisa 10 Flávio Lopes, que também foi campeão da Copa Sul-Minas e da Taça Minas Gerais como treinador do clube.

(Clique aqui para saber mais sobre o título estadual de 1993)

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“O jogo das faixas” entre América, campeão mineiro, e Vasco, campeão carioca. (Reprodução: Acervo Mário Monteiro)

Primeira participação na Copa do Brasil

Durante sua primeira participação na história da Copa do Brasil, o América foi derrotado pelo Vitória da Bahia ainda na primeira fase da competição.

INJUSTIÇA NACIONAL

Depois de comemorar a conquista do título mineiro após tantos anos de jejum, a franca ascensão de um renovado América foi bruscamente interrompida pelo autoritarismo da CBF durante o Campeonato Brasileiro de 1993, quando o Coelho foi rebaixado à Segunda Divisão segundo os controversos “critérios técnicos” impostos pela entidade, apesar de terminar a competição exatamente ao meio da tabela, em décimo sexto lugar em um Campeonato de 32 equipes. Naquele ano, a CBF determinou que as equipes de maior torcida no país permaneceriam alheias ao descenso.

Portanto, enquanto clubes como o rival Atlético Mineiro, lanterna da competição (32 º), e o Botafogo, penúltimo colocado (31 º), permaneceram na Primeira Divisão, outros times como América (16º), Coritiba (22º), Santa Cruz (23º), Atlético-PR, (24º) e Goiás (26º), foram condenados a Segunda Divisão em 1994, apesar estarem à frente na tabela de três equipes que fazem parte do chamado “clube dos 13”.

Os clubes prejudicados foram formalmente avisados pela CBF que qualquer manifestação contra o rebaixamento resultaria na exclusão de qualquer campeonato federado pela entidade. O América foi o único dos clubes prejudicados que preferiu a resistência.

Presidido pelo honrado Magnus Lívio, o América mostrou coragem para enfrentar a CBF e imediatamente ingressou com uma ação na Justiça Comum contra a entidade máxima do futebol brasileiro. Mas a retaliação também foi imediata, e o Coelho foi automaticamente banido de qualquer competição nacional federada pela instituição por tempo indeterminado, enquanto o processo movido pendia nas barbas lentas da Justiça Brasileira.

A CBF condena por lei que seus clubes filiados acionem a Justiça Comum contra a entidade, não importa o teor do caso. Segundo o artigo 234 do código de justiça desportiva brasileira, àquele clube que recorrer a instâncias superiores antes de esgotada todos os recursos na esfera desportiva, deve ser punido com a exclusão de campeonatos nacionais. Mas o curioso é que 10 anos mais tarde, em 2014, o América deixou de subir de divisão justamente porque tal punição não foi aplicada ao Icasa.

A punição de 1993 acabou representando um grande golpe histórico sobre um clube em franca ascensão, campeão estadual e de volta à Série A após tantos anos. Sem divisão nacional, o Coelho perdeu visibilidade, patrocínios e jogadores, mas ao menos venceu em dignidade. Com o orçamento comprometido e sem a condição de manter a base campeã da equipe de 1993, o América passou a enfrentar com instinto de sobrevivência um desafio único entre todas as equipes do Brasil na época: De ser um time em guerra contra a CBF.

Fonte:
Historiador e torcedor do clube, Mario Monteiro 

1994: Guerra contra a CBF

Terceiro colocado do Campeonato Mineiro

O América teve que tirar coelhos da cartola para não ficar preso ao ostracismo depois de ser banido do circuito nacional pela CBF. O primeiro passo do clube foi encontrar um novo treinador, e o América fez uma boa escolha com a contratação de Gaúcho, que então comandava as categorias de base do Vasco da Gama. Gaúcho também já treinou os profissionais do Vasco em outras oportunidades.

A primeira contribuição do novo treinador foi bancar a contratação do atacante Celso, futuro ídolo da torcida americana, mas na época apenas uma jovem promessa vascaína, capaz de bancar Valdir Bigode nos tempos da base.

O atacante, que chegou machucado, se juntou a antigos remanescentes do título estadual de 1993, que permaneceram fiéis ao América mesmo diante da complicada situação, como o goleiro Milagres, o zagueiro Luis Carlos Marins e o meia Flávio Lopes.

Com eles em campo, o Coelho conseguiu manter uma equipe competitiva na medida do possível, mesmo sem divisão nacional. Mesmo assim, algumas baixas ainda foram difíceis de serem repostas, como a venda do craque Euller ao São Paulo ou o desgaste de jogadores como Hamilton, artilheiro do estadual de 1993.

CAMPEONATO MINEIRO

Durante o Campeonato Mineiro de 1994, o América, sem divisão nacional, mas ainda como defensor do título estadual, fez boa campanha e terminou em quarto lugar, mas ficou marcado pela goleada de 6×1 sofrida para o Cruzeiro, em partida dominada por um jovem Ronaldo Fenômeno de apenas 19 anos.

Apesar da goleada, uma vitória sobre o Atlético Mineiro foi suficiente para lavar a alma dos americanos. O time alvinegro, apelidado pela imprensa da época de “SeleGalo”, disputou o clássico como pleno favorito, reforçado por jogadores consagrados do futebol brasileiro como Renato Gaúcho, Neto e Adílson Batista. Mesmo em contraste com a situação do badalado rival, o Coelho jogou com a força da camisa e conseguiu vencer o clássico com autoridade, por 2×0. Nessa partida, o goleiro Milagres defendeu dois pênaltis de Renato Gaúcho, e conseguiu sua vingança pessoal contra o atacante que marcou 2 gols sobre o América durante a final do Estadual de 1992.

Fonte: Historiador e torcedor oficial do clube, Mario Monteiro.

EXCURSÃO INTERNACIONAL

Para encontrar meios de levantar renda em um orçamento comprometido pelos atritos contra a CBF, o América recorreu a excursões internacionais, já que não tinha mais competições no ano e precisava pagar os salários e manter seu elenco em atividade. Dessa forma, entre setembro e novembro de 1994, o Coelho visitou países como Arábia Saudita, China e Qatar, em uma excursão que durou 45 dias.

A solução do presidente Magnus Lívio foi criativa e eficiente: Os amistosos não apenas renderam recursos importantes para o clube, como levantou a moral da equipe, que conseguiu bons resultados durante as viagens, já que o Coelho enfrentou e venceu a Seleção Nacional Olímpica dos respectivos países em diversas oportunidades. Além disso, muitos dos atletas americanos nunca haviam deixado o país, por isso apreciaram a oportunidade de conhecer uma nova cultura. Porém, foi um momento difícil para o torcedor americano, que acompanhou seu time do coração apenas pelas notícias do jornal, rádio e televisão, sem ter a possibilidade de assistir aos jogos.

Mas o maior prejuízo da viagem foi mesmo a contusão do goleiro Milagres, que teve um deslocamento na retina do olho esquerdo após briga generalizada de jogadores americanos e chineses durante um amistoso “nada amigável”. A contusão custou mais de um ano fora dos gramados para o jogador que futuramente quebraria o recorde de partidas pelo clube. Pouco depois, em jogo arrumado para selar a paz, o América goleou a Seleção da China por 4×0 para se vingar do ídolo ferido.

Confira as partidas do América durante a excursão:

1994: Primeira Excursão do América ao continente ásiático

COELHO NA CHINA:

11/02/1994: América 0x1 Guangzhou Evergrande
Cidade: Guangzhou

13/02/1994: América 0x0 Seleção Olímpica da China (5×4 nos pênaltis)
Cidade: Guangzhou

16/02/1994: América 1×0 Seleção Olímpica da China
Cidade: Xiamen

20/02/1994: América 2×0 Guangdon
Cidade: Zhan Jiang

22/02/1994: América 1×1 Seleção Olímpica da China
Cidade: Fo Shan

24/02/1994: América 4×0 Seleção Olímpica da China
Cidade: Shenzhen

Arábia Saudita:

América 2×2 Seleção da Arábia Saudita
Cidade: Jedá

América 7×2 Al Ahli
Cidade: Jedá

Qatar:

23/10/1994: América 4×2 Seleção do Qatar

24/10/1994: América 0x0 Seleção do Qatar

Fonte: Enciclopédia Oficial do América, por Carlos Paiva

1995: Vice-campeão estadual

O América teve um desempenho heroico durante o Campeonato Mineiro de 1995, quando conseguiu ser vice-campeão estadual mesmo sem divisão nacional. Apesar de lidar com uma desvantagem única no futebol mineiro e brasileiro, o Coelho fez bonito e por pouco não beliscou a taça. Neste ano, não houve finais e o título foi decidido pela tradicional disputa de um quadrangular final. O América perdeu o título por apenas 4 pontos, naquele que foi o 14º vice estadual da história do clube.

1996: Pacificação

Terceiro colocado no Campeonato Mineiro
Quinto colocado no Campeonato Brasileiro da Série B
Campeão da Copa SP de Futebol Júnior
Campeão da Taça BH de Futebol Júnior

Copa SP 96 (Acervo Marinho Monteiro)

América campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1996.(Reprodução: Acervo pessoal Marinho Monteiro)

CAMPEÃO DA COPA SÃO PAULO DE FUTEBOL JUNIOR

Em 1996, o América foi campeão da Copa São Paulo de Juniores, principal competição nacional da categoria. O título representou a grande consagração das categorias de base do América na época, responsável por revelar tantos jogadores importantes do futebol brasileiro e mundial. Atualmente, a base americana já acumula 4 títulos de elite nacional (Além da Copa SP de 96, o América foi o primeiro campeão do Campeonato Brasileiro sub-20 em 2011 e também já faturou duas vezes a Taça BH).

Durante a campanha, o América revelou jogadores como Gilberto Silva, que participou de 3 Copas do Mundo à serviço da Seleção Brasileira, Nakazawa, capitão da Seleção Japonesa em 3 mundiais, Rinaldo, artilheiro do Campeonato Mineiro de 1998 e eleito a grande revelação da competição de 96, o zagueiro William, capitão do Corinthians de Ronaldo e Roberto Carlos, o lateral Evanílson, que fez carreira no futebol alemão e foi convocado para a Copa América de 1999, entre tantos outros.

O título foi ainda mais celebrado por ser conquistado sobre o rival Cruzeiro, após vitória por 2×1 em pleno estádio do Pacaembu, em São Paulo, durante uma final inédita para ambos os clubes. Na volta à capital mineira, o elenco campeão foi saudado pelos torcedores americanos durante uma carreata pela cidade sob um carro de bombeiro, sendo posteriormente recebidos pelo governador Eduardo Azeredo, torcedor declarado do Coelho.

CAMPEÃO MINEIRO DE JUNIORES

Para coroar um ano vitorioso, a base americana levou mais um troféu ao ser campeão mineiro de juniores.

O retorno

Depois de uma gestão vitoriosa que rendeu o título estadual de 1993 e o retorno à elite nacional, o presidente Magnus Lívio foi substituído por Marcus Salum no comando americano em 1996.

A primeira medida do novo presidente foi reiniciar os diálogos do clube com a CBF. Após algumas reuniões, Salum recebeu a garantia que o Coelho seria reintegrado a Série B do Campeonato Brasileiro caso retirasse a ação que pendia na Justiça Comum. O presidente cumpriu o acordo e, no dia 22 de maio de 1996, o América reconquistou o direito de disputar as competições nacionais promovidas pela CBF.

Para comemorar a volta ao grande cenário do futebol brasileiro, o América contratou o famoso Toninho Cerezo, jogador da Seleção Brasileira durante as Copas do Mundo de 1982 e 86. O craque de 36 anos liderou a campanha que marcou o ressurgimento alviverde em nível nacional. Por pouco, o Coelho não conseguiu o acesso imediato, ficando em quito lugar. O América se despediu da competição nas quartas-de-final, após dois emocionantes duelos contra o Náutico. Mas a verdadeira redenção estava guardada para o ano seguinte.

Fontes:
Historiador e torcedor do clube, Mario Monteiro
Enciclopédia oficial do América, por Carlos Eduardo Paiva

1997: CAMPEÃO BRASILEIRO DE FUTEBOL

Campeão Brasileiro da Série B (Promovido a Série A do Campeonato Brasileiro)
Terceiro colocado do Campeonato Mineiro
Eliminado na Primeira fase da Copa do Brasil

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Foto oficial do elenco americano de 1997.

Parceria com o BMF

Em 1997, o América assinou o maior patrocínio de sua história recente, ao firmar acordo com o extinto banco BMF Excel Econômico. A parceria auxiliou o clube na contratação de jogadores consagrados do futebol brasileiro, como Tupãzinho, autor do gol que valeu o primeiro título brasileiro do Corinthians, Pintado, campeão mundial com o São Paulo, Boiadeiro, campeão nacional com América, Vasco da Gama e Cruzeiro, Dinho, “O Cangaçeiro dos Pampas”, além de repatriar Ronaldo Luís, lateral revelado pelo América e que também foi campeão mundial com o São Paulo.

E foi assim que o América conseguiu montar uma equipe histórica, que mesclava jogadores consagrados do futebol brasileiro com valiosas pratas da casa e antigos ídolos do pavilhão. Como resultado, o Coelho conquistou seu primeiro título nacional desfilando um belo futebol, ao ser campeão brasileiro da Série B sem sofrer gols no Independência. Para muitos, essa é a melhor equipe da história recente do clube.

Copa Centenário de Belo Horizonte

1997 não apenas comemorou o primeiro título nacional da história do América, primeiro e único clube do Estado fundado estritamente pelos primeiros moradores da capital, como também celebrou o aniversário de 100 anos da cidade de Belo Horizonte. Destino manifesto!

Um torneio comemorativo foi organizado pelos principais clubes da cidade à fim de homenagear a data. Entre os convidados, alguns adversários de peso, como o poderoso Milan da Itália, o tradicional Benfica de Portugal e o tricampeão sul-americano Olímpia, além de Flamengo e Corinthians, donos das maiores torcidas do país.

O América ficou no grupo de Milan, Corinthians e Atlético, mas nenhum dos qualificados adversários conseguiu vencer o Coelho na capital. Isso mesmo: Depois de empatar com o Corinthians por 1×1 e o clássico por 2×2, o América também arrancou um empate contra o poderoso Milan, da Itália, em pleno Independência (1×1).

George Weah, melhor jogador mundo em 1995, abriu o placar para os italianos, mas coube a Celso, o artilheiro dos gols importantes, marcar o gol da dignidade americana, em um belo chute de fora da área, que morreu no ângulo direito do goleiro Massimo Taibi já nos acréscimos da partida. Conhecido por ser decisivo nos clássicos, o artilheiro, que já havia deixado sua marca no torneio contra o Atlético, futuramente também seria o autor do gol que garantiu o primeiro título nacional da história do clube.

O torneio também marcou a despedida do futebol do histórico Toninho Cerezo, que defendeu o América na temporada anterior.

Campeonato Mineiro

O América fez boa campanha durante o Campeonato Mineiro de 1997, mas saiu da Competição após semifinais contra o Cruzeiro. O clube azul venceu a primeira partida por 3×2 e perdeu a segunda também por 3×2, mas recebeu o direito a final por ter ficado a frente na fase de classificação.

As semifinais ficaram marcadas pela arbitragem polêmica de José Roberto Wright e pelo grito de guerra de Marco Antônio Boiadeiro. Depois de ser expulso de forma controversa pelo juiz, o ex-jogador do Cruzeiro foi ovacionado pela torcida rival enquanto deixava o gramado, mas fez sinais de “banana” para os adversários, arrancando sonoras vaias dos celestes. Foi o suficiente para o craque superar de vez a identificação com o rival e se tornar um dos grandes ídolos dos americanos na temporada. Pouco depois, Boiadeiro se tornou o capitão do primeiro título nacional da história do clube.

Fonte: Historiador e torcedor do clube, Mario Monteiro

Campeão Brasileiro

O América conquistou seu primeiro título nacional em 1997. Se em 1996, o clube reconquistou o direito de atuar nacionalmente, 1997 marcou o ressurgimento meteórico de uma equipe claramente injustiçada.

O título foi conquistado de forma sublime, com o América quebrando marcas históricas. O Coelho não apenas se manteve invicto como mandante durante toda a competição (12 vitórias em 13 jogos), como não sofreu gol de nenhum adversário no Estádio do Independência, somando quase 1000 minutos de invencibilidade em seus domínios (990), com a melhor defesa da competição (média de 0,5 gols sofridos por jogo) e o segundo melhor ataque (34 gols marcados). O América também protagonizou a maior goleada da edição (5×0 sobre o Tuna Luso) e teve o artilheiro de uma competição nacional pela primeira vez na história (Tupãzinho, meia, 13 gols). Uma campanha de campeão.

Grandes ídolos americanos participaram da histórica campanha de 1997. A defesa, que simplesmente não sofreu gol em casa em nível nacional, é considerada uma das melhores da história do clube, formada por ídolos como Ricardo Evaristo (um dos melhores zagueiros da história do clube, famoso por sua passagem por Palmeiras e Corinthians), Júnior (vice-campeão brasileiro com o Bragantino em 1990), Dênis (dono de 3 títulos e 199 partidas pelo clube), Gilberto Silva (convocado para 3 Copas do Mundo com a Seleção Brasileira), Wellington Paulo (dono de 6 títulos pelo América), além dos goleiros Milagres (recordista de partidas pelo clube) e Gilberto (que desbancou Mila como o titular da campanha) e dos laterais Evanílson (convocado para a Copa América de 1999) e Estevam (titular da lateral-direita americana durante 5 temporadas consecutivas). Já o meio-campo americano dessa época desfilava com jogadores badalados como Tupãzinho (ídolo histórico do Corinthians), Boiadeiro (campeão nacional por América, Cruzeiro e Vasco) e Pintado (campeão mundial com o São Paulo), enquanto valores de grande identificação com o clube, como Irênio (um dos 5 jogadores que mais defenderam o América na história), Celso (autor do gol do título) e Rinaldo (eleito melhor jogador da Copa SP de 1996), completavam o poderio ofensivo. Um timaço, que certamente mereceu seu lugar de honra na história do América como o primeiro campeão nacional da história do pavilhão.

(Clique aqui para saber mais sobre o título brasileiro de 1997)

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Elenco campeão brasileiro de 1997. (Reprodução: Globoesporte)

1998: Retorno à elite

Terceiro Colocado do Campeonato Mineiro
21o colocado no Campeonato Brasileiro da Série A

Eliminado nas Oitavas de Final da Copa do Brasil

Durante sua décima primeira participação no Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, o América não conseguiu repetir o bom desempenho do ano anterior e deu um breve adeus a elite máxima do futebol brasileiro em 1998, para onde retornaria rapidamente no ano de 2000. Mudanças na comissão técnica, como a saída de Givanildo, contribuíram decisivamente para a queda de rendimento da equipe e para o breve adeus de jogadores identificados como Pintado e Boiadeiro (que retornaram ao clube em 1999 e 2000, respectivamente). E foi assim que, pouco a pouco, o Coelho perdeu aquele brilho de 97.

O rebaixamento foi ainda mais dramático porque o América segurava a vaga na elite até os últimos momentos da partida contra o Palmeiras, no estádio do Independência, válida pela última rodada do certame. O empate em 1×1, que garantiria permanência americana. O placar já estava quase garantido quando o atacante Óseas marcou um belo gol de bicicleta para virar a partida e sepultar de vez as esperanças do Coelho. Coisas que só acontecem com o América…

COLORADO ELIMINADO

Apesar de não resistir durante o Brasileirão de 1998, o América fez uma boa campanha durante a Copa do Brasil do mesmo ano, quando chegou as quartas de final do torneio pela primeira vez na história. O Coelho chegou a eliminar o Internacional nas oitavas-de-final, após disputa nos pênaltis em pleno Beira-Rio. O América voltaria a eliminar a equipe colorada dois anos mais tarde, durante a primeira fase da Copa Sul-Minas de 2000.

1999: Vice-campeão estadual

Vice-Campeão estadual
Sexto Colocado no Campeonato Brasileiro da Série B
Promovido à Série A do Campeonato Brasileiro

VICE-CAMPEÃO MINEIRO

O América voltou à decisão do Campeonato Mineiro em 1999, quando encarou uma equilibrada decisão de 3 jogos contra o Atlético-MG. Foi a décima quinta vez que o tradicional “clássico das multidões” decidiu a competição de forma direta ou indireta, entre 17 no total. Após vitória americana no primeiro jogo (2×1) e empate no segundo (1×1), a equipe alvinegra ficou com o título depois de uma vitória por 1×0 na terceira e última partida, graças a marcação de um pênalti controverso, até hoje muito questionado pelos torcedores americanos – principalmente porque as duas primeiras partidas tiveram arbitragem de fora do Estado, enquanto a decisiva teve uma arbitragem caseira. Apesar do empate no placar agregado (3×3) e do América não ter perdido as duas primeiras partidas, o Atlético ficou com o título beneficiado pelo regulamento, que dava vantagem ao melhor colocado na primeira fase.

Seja como for, a campanha reflete o bom desempenho do Coelho nos estaduais da década de 90, já que havia sido a quarta vez em 8 anos que a equipe ficou entre as duas melhores posições do futebol mineiro – foi campeão em 93 e vice em 92, 95 e 99.

Na sequência, o elenco vice-campeão estadual manteve a boa forma durante o Brasileirão da Série B, sendo promovido à elite nacional durante a formação da Copa João Havelange de 2000. Entre os destaques daquela equipe, estavam jogadores de longa trajetória pelo América, como os ídolos Milagres, Boiadeiro, Wellington Paulo e Dênis, além dos laterais Estevam e Marcos Paulo. Somava-se a eles uma boa safra de jogadores formados nas categorias de base do clube, como Gilberto Silva, Irênio, Rinaldo e Somália. Naquele ano, o Coelho foi comandado pelo treinador Flávio Lopes, campeão em 93 como jogador e em 2000 como treinador, enquanto o capitão da equipe foi o histórico zagueiro Dênis, autor de 200 partidas pelo clube.

2000: Campeão da Copa Sul-Minas

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Depois de eliminar Internacional, Atlético-PR e Cruzeiro, América é campeão da Copa Sul-Minas de 2000.

Em 2000, o América conseguiu uma nova grande conquista ao ser campeão da primeira edição da Copa Sul-Minas, competição que reuniu 15 clubes e 10 campeões nacionais da região Sul do Brasil e do Estado de Minas Gerais. Mesmo diante dos fortes adversários, o América teve apenas 1 derrota na competição e por pouco não levou o título de forma invicta.

Para ser campeão, o América teve que superar fortes adversários como o Internacional do tetra-campeão Dunga e do penta-campeão Lúcio, o Atlético-PR, campeão brasileiro um ano depois, e o Cruzeiro, campeão da Copa do Brasil do mesmo ano, na final, após duas eletrizantes vitórias nas finais, por 1×0 e 2×1, respectivamente. Foi a terceira vez que América e Cruzeiro se enfrentaram em uma final, com a segunda vitória americana.

A conquista serviu como a consagração de jogadores como Milagres, Dênis e Wellington Paulo, que estavam no América desde antes do título mineiro de 1993 e venceram seu terceiro título pelo clube naquele ano. A taça também serviu para consagrar a passagem do volante Pintado, que retornou ao Coelho depois de brilhar durante o título brasileiro de 1997, e do atacante Palhinha, uma das grandes revelações americanas na década de 90 e que enfim foi campeão por seu primeiro clube.  Zé Afonso também merece destaque por ter marcado gols contra todos os adversários de peso da competição (balançou as redes de Internacional, Atlético-PR e Cruzeiro). Já o gol do título foi marcado por Álvaro, após uma arrancada de antes do meio de campo.
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Copa João Havelange 2000

O América foi o vigésimo terceiro colocado da Copa João Havelange de 2000, equivalente à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. O torneio reuniu 29 participantes.

Durante a competição, a equipe do Coelho que havia sido campeã regional há pouco conseguiu bons resultados, como uma goleada por 5×2 sobre o Botafogo e uma vitória por 2×1 sobre o Flamengo na mesma semana, ambas no Maracanã. O Coelho ainda venceu o clássico contra o Atlético por 1×0 e o Corinthians, lanterna da competição, por 2×1 no Mineirão.

2001: Campeão Mineiro

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O PRIMEIRO CAMPEÃO DO MILÊNIO

O América venceu seu décimo quinto e último título estadual em 2001, após duas eletrizantes finais contra o Atlético Mineiro (4×1; 1×3). Com um time majoritariamente formado por jogadores pratas da casa, a conquista representou a consagração das categorias de base do clube. Afinal, nada menos que 10 entre os 11 titulares foram formados no próprio América e apenas o goleiro Fabiano não advinha das categorias de base. O zagueiro Wellington Paulo foi o capitão da conquista: Na época, foi o quarto título do jogador pelo clube, entre 6 no total, e o primeiro como titular.

O título garantiu o América como o primeiro campeão estadual do novo milênio e comemorou a consagração de um ciclo importante de conquistas. Afinal, a dobradinha de títulos Sul-Minas 2000-Mineiro 2001 foi a primeira vez desde 1948 que o América conquistou dois títulos em um espaço tão curto de tempo. Além disso, era a primeira vez desde 1957-59 que o América participava de três finais consecutivas, a primeira vez que o América conquistava dois títulos mineiros em menos de 10 anos desde o período entre 1948 e 1957 e a primeira vez desde o deca que o Coelho vencia os rivais Cruzeiro e Atlético em decisões de forma consecutiva.

Certamente, foi o título que consagrou de vez a “Era Independência”, responsável por revolucionar a história do América com campanhas, finais e títulos importantes durante toda década de 90 e início dos anos 2000. A taça de 2001 já era o quarto título e a quarta final do América em 9 anos, que também havia alcançado outros 3 vice-campeonatos, além de outros 2 títulos nacionais em nível de base.

A conquista foi ainda mais comemorada por todo drama e superação envolvido durante campanha e finais: Após vencer apenas uma das sete partidas iniciais, o Coelho esteve ameaçado de ser rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro pela primeira vez na história, mas protagonizou uma memorável volta por cima, com 9 vitórias em 11 jogos. Curiosamente, o desempenho foi muito semelhante à campanha do décimo terceiro título estadual do clube, em 1957, quando o América também reagiu com 9 vitórias em 11 partidas após um início turbulento. E o drama permaneceu como marca daquela equipe durante as duas históricas decisões contra o Atlético.

No primeiro jogo, todos pensaram que a fatura já estava resolvida quando o Coelho deu um baile no Mineirão e goleou seu rival por 4×1. Mas clássico é clássico e, na segunda final, a equipe alvinegra chegou a abrir 3×0 no marcador, resultado que levaria a partida para os pênaltis. Os americanos já pensavam estar vivendo o pior dos pesadelos quando o jovem atacante Alessandro saiu do banco de reservas para marcar o primeiro dos tantos gols importantes que fez pelo clube, garantindo o silêncio da massa alvinegra e o delírio da minoria esclarecida americana no Mineirão.

No fim, as finais serviram como reflexo da campanha americana, marcada por altos e baixos, pelo contraste entre céu e o inferno, mas, sobretudo, pela valentia de uma juventude que superou todas dificuldades e preferiu ficar na história como o primeiro campeão mineiro do século, e não como a primeira equipe do América a ser rebaixada no estadual.

Comandada por Lula Pereira em parceria com Procórpio Cardoso (grande jogador de América e Cruzeiro durante os anos 1960), a garotada do Coelho acumulou 10 vitórias, 2 empates e 7 derrotas em 19 jogos, com 30 gols marcados e 22 sofridos. Rodrigo foi o artilheiro do América na competição, com 8 gols, enquanto Wellington Paulo foi o capitão da conquista, naquele que foi seu quarto título pelo clube.

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