RONALDO LUÍS:

“O América significou e ainda significa muito para mim. Foi onde ganhei visibilidade e minha primeira oportunidade em um grande clube. Lá, fiz muitos amigos e foi um tempo muito feliz.”

–  Ronaldo Luís, em entrevista para o jornal “SuperEsportes”.

O lateral Ronaldo Luís, bi-campeão mundial de clubes com o São Paulo em 1992 e 1993 e vice-campeão nacional com o Coelho em 1990, compete com Evanilson pelo posto de melhor lateral-esquerdo já revelado pelo América na história. Afinal, muito antes de fazer sucesso como titular do São Paulo bi-campeão mundial em 92-93, o talento de Ronaldo Luís já era conhecido no América, onde teve uma ascensão meteórica como jogador profissional e se marcou como mais uma das grandes revelações do clube na década.

Com menos de 18 anos, Ronaldo Luís foi contratado pelo América após atuações de destaque pelo Guarani de Divinópolis, durante a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro de 1987. Na época, o jogador chamou a atenção de ninguém menos que Jair Bala, que treinou um time da mesma divisão de Ronaldo Luís antes de assumir o comando técnico do Coelho em 1988. Uma das primeiras contribuições do melhor jogador da história do América como treinador do clube foi bancar a vinda do jovem lateral.

A contratação sugerida pelo eterno Jair Bala provou ser pontual, e Ronaldo Luís não apenas conquistou a titularidade rapidamente, como foi eleito a “Revelação do Campeonato Mineiro de 1988”. Dois anos mais tarde, o jogador foi parte fundamental do memorável time americano vice-campeão do Campeonato Brasileiro da Série C de 1990, ao lado dos atacantes Palhinha e Sílvio, além do goleiro João Leite. Aquela geração ficou marcada pelo bom futebol e por recolocar o Coelho no grande cenário nacional, apesar de ter perdido o título nos pênaltis para o Atlético-GO. Naquele ano, Ronaldo foi eleito o melhor lateral-esquerdo de Minas Gerais, segundo eleição do “Estado de Minas”, fazendo parte da Seleção do Ano ao lado de outros 3 americanos. Mais tarde, o lateral referiu-se a final de 1990 como a “primeira grande decisão de sua carreira”.

O sucesso pelo América não passou desapercebido por Telê Santana, treinador do São Paulo mas que nutria vínculos históricos com o Coelho, clube onde seu pai, Zico Santana, jogou como goleiro. Ao lado de seu filho Renê, Telê coordenava um projeto americano de categorias de base, razão pela qual conhecia de perto as principais revelações do Coelho.

Responsável por levar os craques Euller e Palhinha ao time paulistano, Telê Santana também provou estar certo ao apostar no jovem lateral americano. Ao lado de outros antigos companheiros de América, Ronaldo Luís foi titular da histórica equipe do São Paulo, bi-campeã mundial em 92-93. O jogador ficou marcado na história tricolor ao evitar um gol certo do Barcelona durante a final do Mundial, com um carrinho “salvador” em cima da linha do gol. Mais tarde, o jogador descreveu a importância do histórico treinador Telê Santana para o sucesso de sua carreira.

“Telê foi como um pai para mim. Ele gostava muito do meu trabalho, e quando eu recebia propostas para atuar fora, ele não me liberava. Foi o Telê que me trouxe do América, e ser avaliado e comandado por ele só aumentou minha responsabilidade. Eu acho que ele foi a pessoa que Deus usou para me abençoar.”

– Disse o ex-lateral em entrevista para o diário esportivo “Super Esportes”.

Porém, depois da consagração, o lateral não conseguiu manter o alto nível no São Paulo, prejudicado por graves lesões. No total, o lateral já operou o joelho 2 vezes, e teve outras 5 contusões que necessitaram intervenção cirúrgica. Mesmo assim, Ronaldo Luís voltou a vencer títulos por Cruzeiro e Vasco, antes de acertar um aguardado retorno ao América em 1997.

O jogador foi bancado pelo Banco BMF, o maior patrocínio da história do clube, e chegou como uma das principais contratações do América para a temporada. Apesar de novas contusões impedirem maior destaque do lateral, Ronaldo Luís fez parte do time que levou o Coelho ao seu primeiro título nacional. No entanto, já como veterano, Ronaldo Luís perdeu a vaga de titular para o jovem Evanílson, que subiu aos profissionais do América em 97 e chegou à Seleção Brasileira principal em 99.

Pouco depois, o lateral ainda teve passagens por Coritiba e Vasco da Gama, mas a convivência com lesões lhe impediu de construir uma carreira mais longa e duradoura. Em 2002, o vitorioso lateral retornou ao América pela terceira e última vez, para enfim encerrar sua carreira vencedora ao lado de seu antigo companheiro Palhinha, durante a campanha que valeu o sexto lugar no Brasileirão da Série B.

Ronaldo Luís guarda com saudosismo os seus tempos de Coelho, e atualmente se posiciona como torcedor do clube. Durante alguma tempo, o antigo lateral até chegou a ser o representante americano nas tribunas do “Alterosa Esporte”, programa esportivo de televisão filiado ao SBT. O histórico lateral americano garante com as próprias palavras que divide a paixão dos torcedores pelo Coelho:

“Os torcedores do Coelho, no qual eu me incluo, sempre foram muitos fiéis. Eles estiveram do meu lado nos momentos complicados que passei no clube. Podem não ser os maiores, mas amam o time de coração.”