MASCOTE

COELHAOOOOO

DA-LHE COELHO!

Os mascotes dos principais clubes mineiros foram criados em 1945, sob os traços do cartunista e jornalista Fernando Pierucetti, mais conhecido por seu pseudônimo Mangabeira,  à serviço da extinta redação do “Folha de Minas”. O “grande pai dos mascotes mineiros”, Mangabeira era mais um dos ilustres torcedores do América no período, assim como o escritor Fernando Sabino, e os futuros presidentes da República, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves.

A intenção inicial do jornal era associar os times mineiros à figuras humanas: O Atlético seria um “índio-carijó”, o Siderúrgica, um “homem de aço”, enquanto o América deveria ser caricaturado como um aristocrata. Mas o timbre de Mangabeira sugeriu que seria possível fazer algo genuinamente mais brasileiro a partir da “animalização” das equipes locais, assim como foi feito com alguns times do futebol paulista e carioca.

O cartunista provou estar certo, e suas criações foram um sucesso tamanho que servem como símbolo dos clubes mineiros até hoje. Graças a Mangabeira, o Atlético virou o Galo, já que o galo garijó também era alvinegro, e o Cruzeiro se tornou a Raposa – em alusão à personalidade do folclórico presidente palestrino, Mario Grosso. O autor também ficou famoso pela criação do “Canarinho” como mascote da Seleção Brasileira.

No entanto, o mascote reservado ao América, time do coração de Mangabeira, causou a revolta na torcida alviverde em um primeiro instante: pressionado por uma redação majoritariamente formada por torcedores atleticanos, Mangabeira nomeou o “Pato Donald” como mascote do time de seu coração.

Segundo o autor, o personagem, além de ser “americano” de nascimento, representava o espírito questionador e polêmico do clube alviverde e seus dirigentes, que ainda estavam marcados pelos diversos embates contra a Liga Mineira desde o deca-campeonato. Mas a torcida americana considerou a o animal um desrespeito à instituição, e, sem querer estar associados a um debochado e inofensivo pato, repudiou o novo mascote.  Mangabeira só se redimiu perante seus conterrâneos alviverdes quando seguiu o próprio instinto e tirou um Coelho da cartola – na verdade, sua opção favorita desde o princípio.

Agora sim! A torcida americana, exigente desde o passado, enfim aprovou o novo mascote e um dos principais símbolos americanos estava criado. Como agradecimento, a redação do “Folha de Minas” recebeu incontáveis telegramas e cartas de agradecimento de americanos prestigiando Mangabeira.

A ideia nasceu do sobrenome de muitos dirigentes do América à época, mas o lado simbólico também pesou. Segundo Mangabeira, “O América era um clube aceso, sempre pronto para o que desse e viesse. Ao mesmo tempo, era um clube delicado, de torcida fina. Um coelho, não é?”.

Para eternizar o novo mascote, o autor publicou uma charge em que um Pato enfia uma espada na barriga, no melhor estilo haraquiri, enquanto o Coelho, ao fundo, assiste tudo em meio a gargalhadas. A charge foi bem recebida pelo público e, desde então, nunca mais se falou no velho mascote: o Pato estava morto e o Coelho mais vivo do que nunca.

Afinal, o pé do Coelho deu sorte, e o América voltou a ser campeão mineiro apenas 3 anos depois da criação do Coelho de Mangabeira.