MILAGRES

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O MAIS AMERICANO DA HISTÓRIA

Nome Completo: Marco Antônio Milagres
Data de Nascimento: 23 de Abril de 1966
Cidade Natal: Juiz de Fora – MG
Posição: Goleiro
Clubes: Flamengo (1987-1991); América (1991-2001); Santa Cruz (2001); Atlético Mineiro (2001-2002); Uberaba (2003)
Partidas pelo América: 371 (recorde individual do clube)
Títulos pelo América:
Como jogador:
Campeonato Mineiro (1993)
Campeonato Brasileiro da Série B (1997)
Copa Sul-Minas (2000)
Como treinador:
Campeonato Brasileiro da Série A sub-20 (2011)
Copa BH de Futebol Júnior (2014)

O goleiro Milagres é o jogador com mais partidas na história do América, com 361 jogos disputados entre 1991 e 2000. Ao todo, o antigo goleiro conquistou cinco títulos a serviço do clube, três deles como jogador e outros dois como treinador das categorias de base.

Como jogador, Milagres foi campeão do Campeonato Mineiro de 1993, do Campeonato Brasileiro da Série B de 1997 e da Copa Sul-Minas de 2000, além de ser vice-campeão estadual em 1992, 95 e 99. O goleiro foi um dos principais ídolos americanos durante as conquistas do Estadual de 93 e a Sul-Minas de 2000, quando protagonizou defesas heroicas que interferiram diretamente no desfecho vitorioso. Mas durante o primeiro título nacional da história do Coelho em 1997, Milagres atuava como reserva em razão de uma lesão na retina do olho esquerdo e não teve tanto destaque.

A fidelidade do eterno goleiro permanece até hoje: Desde que abandonou a carreira profissional, Milagres integra o clube americano em alguma função específica. Atualmente, é o treinador das categorias de base, onde já conquistou dois importantes títulos nacionais: o Campeonato Brasileiro sub-20 da Série A em 2011, após final contra o Fluminense, e a Taça BH de Futebol Júnior em 2014, após final contra o Atlético. O ex goleiro também chegou a assumir o comando técnico da equipe profissional durante o ano centenário do clube em 2012.

PRIMEIRAS DEFESAS

Milagres iniciou a carreira nas categorias de base do Flamengo em 1988 e foi elevado para a equipe profissional rubro-negra em 1990. Na época, era reserva do famoso goleiro Zé Carlos, campeão brasileiro pelo clube carioca. Sem maiores chances no Flamengo, time conhecido por descuidos históricos com as equipes de base, Milagres foi contratado pelo América no segundo semestre de 1991.

O goleiro vindo do Flamengo agradou rapidamente os americanos e logo conquistou uma vaga no time com belas defesas. Em 1992, durante sua primeira temporada completa pelo Coelho, Milagres foi o titular da campanha que levou o clube de volta à final do Campeonato Mineiro e à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Era um momento de ascensão.

CAMPEÃO MINEIRO

Após uma excelente temporada de 1992, com boas defesas, o vice-campeonato estadual e o acesso para a Série A, Milagres conquistou de vez um lugar no coração dos torcedores americanos em 1993, quando foi um dos principais responsáveis pelo título estadual americano após 22 anos de jejum.

O goleiro teve influência direta no título heroico: Com apenas 8 gols sofridos em 18 jogos, Milagres ficou mais de 400 minutos sem ser vazado durante a campanha e sofreu menos que “meio gol” por jogo durante a competição, tendo a incrível média de 0,44 gols sofridos por partida. Muito graças as defesas espetaculares de Milagres, o América foi campeão com a melhor defesa do Campeonato.

FIDELIDADE

O goleiro voltou a se destacar durante o Campeonato Brasileiro da Série A de 1993, quando o América terminou no meio da tabela, com a décima sexta colocação em um torneio de 32 equipes. No entanto, o clube foi rebaixado segundo imposições da CBF, que livrou as equipes de maior torcida no país do descenso naquele ano. Após mover um processo na Justiça Comum para reivindicar seus direitos, o América foi banido de toda e qualquer competição nacional promovida pela entidade máxima do futebol brasileiro.

Diante da dramática situação, muitos jogadores deixaram o Coelho a esmo, mas Milagres foi um daqueles que permaneceu junto ao pavilhão. Com dificuldades para conseguir novos patrocínios e jogadores, o clube deve muito a alguns antigos ídolos como Milagres, Marins e Flávio Lopes, que permaneceram na equipe como remanescentes do time campeão estadual de 1993.

Muito graças a fidelidade de antigos ídolos, o Coelho manteve o bom desempenho nos Estaduais dos anos seguintes mesmo sem divisão nacional: Foi terceiro lugar em 94 e vice-campeão em 95. Isso significa dizer que, em seus 4 primeiros Campeonatos Mineiros pelo América, Milagres foi campeão uma vez e vice-campeão outras duas. O goleiro ficou marcado como um dos grandes símbolos daquele Coelho da década de 90, que brigava de igual pra igual com qualquer um de seus rivais locais.

LESÃO NA RETINA

A fim de manter o elenco em atividade e sacudir o orçamento de uma equipe banida das competições nacionais, o América realizou excursões internacionais para países como Arábia Saudita, China e Qatar durante o segundo de 1994 e 95. Durante as excursões, o América conseguiu bons resultados e venceu as respectivas Seleções Nacionais desses países em repetidas oportunidades. O único prejuízo das viagens foi a contusão de Milagres.

Em 1995, no penúltimo dos cinco jogos entre América e Seleção Olímpica da China (O Coelho perdeu apenas uma), uma confusão generalizada entre jogadores marcou a carreira do ídolo americano para sempre, quando o pacífico Milagres foi pego despercebido por uma pancada no olho, conferida de forma covarde por um defensor chinês, resultando no deslocamento de retina do olho esquerdo. Aparentemente, o goleiro só estava tentando apartar a confusão. Seja como for, a contusão interrompeu a grande fase que o arqueiro desfrutava desde que chegou ao clube. Enquanto alguns diziam que o ícone americano jamais mais seria o mesmo, o América goleou a Seleção da China em um jogo arranjado para “selar a paz”, mas que na verdade serviu como uma espécie de vingança pelo ídolo ferido.

CAMPEÃO BRASILEIRO

Ainda prejudicado pela lesão na retina do olho esquerdo, Milagres não foi titular durante a primeira conquista nacional do América, mas demonstrou profissionalismo ao seguir trabalhando com dedicação e amor a camisa apesar do banco de reservas. No final, como um veterano de guerra, foi uma presença importante nos balneários americanos.

Apesar de não ser protagonista como em 1993, novamente o goleiro fez parte de uma defesa história do América. Afinal, durante a competição de 1997, o Coelho não sofreu mais gol de nenhum adversário como mandante, somando quase 1000 minutos de invencibilidade no estádio do Independência. A campanha nacional do América naquele ano foi marcante, sobretudo, pela força defensiva de uma equipe que podia ser dar ao luxo de colocar craques como Milagres, Gilberto Silva, Dênis e Wellington Paulo no banco de reservas se fosse o caso. De qualquer forma, ninguém contesta que o goleiro foi merecedor do título de 1997, por todos os serviços prestados na guerra pela sobrevivência do América poucos anos antes.

Após o título de 97, Milagres recuperou a vaga de titular durante as participações do América no Campeonato Brasileiro da Série A em 1998 a 2000. Em 1999, por pouco Milagres não voltou a ser campeão estadual após final contra Atlético-MG, no sistema “melhor de três”. O goleiro fechou o gol nas três finais e só foi vazado pelo rival na última partida, após o pênalti polêmico que decidiu a fatura (1o jogo: 0x0; 2o jogo: 0x0, 3o jogo: 1×0). No fim do ano, o goleiro ainda ajudaria o América a conseguir novo acesso para a elite do futebol brasileiro.

CAMPEÃO REGIONAL

Milagres ainda teria tempo de conquistar seu último título pelo América em 2000, durante a histórica conquista da Copa Sul-Minas. Com mais de 30 anos de idade, o goleiro voltou a assumir papel de protagonista da equipe, sendo considerado o melhor em campo durante as duas finais contra o Cruzeiro.

Curiosamente, o futuro herói do título foi o vilão do primeiro jogo das semifinais contra o Atlético-PR, quando falhou nos últimos minutos e permitiu o empate dos atleticanos no finalzinho da partida. Mas Milagres reagiu como só os maiores sabem, e respondeu defendendo uma cobrança de pênalti na segunda partida, responsável por ajudar a eliminar o Furacão. Mas foi na final contra o Cruzeiro que Milagres consagrou de vez seu status de ídolo americano: Trajado com o manto de Nossa Senhora embaixo do uniforme, Milagres salvou o título americano em diversas oportunidades com defesas plásticas e espetaculares após bombardeio do rival, sendo eleito o melhor em campo durante as duas finais.Era a consagração definitiva do “mito de Milagres”.

Poucos meses depois de conquistar seu terceiro título pelo Coelho, Milagres apenas confirmou sua posição de lenda do Independência ao completar 357 partidas pelo América, e superar Gaia, dono do recorde por 45 anos, como o jogador com mais partidas pelo clube na história. O goleiro ainda faria 371 partidas antes de deixar o clube com um legado impressionante. O jogador ainda teve uma breve passagem pelo rival Atlético-MG, mas que nada que fosse suficiente para arranhar seu status de ídolo americano. Até porque “o Milagres do Atlético” também jogou no América: Assim como Mila, o goleiro João Leite é ídolo máximo e recordista de partidas do clube e defendeu um rival, o América, no fim da carreira entre 1989 e 1990.

Mas Milagres confirmou de vez sua fidelidade ao América ao permanecer no pavilhão até depois de pendurar as luvas. Atualmente, o ex goleiro é o treinador das categorias de base do clube e já conquistou dois importantes títulos nacionais na categoria: O Campeonato Brasileiro da Série A sub-20 de 2011 e a Taça BH de Futebol Júnior de 2014.