MESTRE TELÊ SANTANA

Tele eterno

O antigo “Mestre do Futebol” Telê Santana, considerado por muitos o maior treinador da história do futebol brasileiro, teve um profundo vínculo com o América, clube com quem dividiu a infância, grande parte da juventude e uma antiga paixão familiar.

Afinal, o Coelho foi o clube de coração de Telê Santana e toda sua família, inclusive seu pai, Zico Santana, ex-goleiro do América nos anos 30 e um dos fundadores do departamento infantil alviverde no início da década de 1970.

Em 1989, sob o comando do presidente Magnus Lívio, o América celebrou o antigo sonho de firmar parceria com Telê Santana, que passou a agir como diretor e manager das categorias de base do clube.

Ainda como treinador do São Paulo, onde foi bi-campeão mundial em 1992-93, Telê havia confirmado que cederia maior tempo e dedicação ao projeto americano quando deixasse o clube tricolor. Não à toa, o São Paulo fez produtivos acordos com o Coelho na época, tendo contratado três das principais revelações alviverdes do período: Palhinha, Euller e Ronaldo Luís, todos jogadores que fizeram sucesso pela equipe paulista.

Telê não pode dar maior sequência ao projeto mineiro-americano devido aos problemas de saúde que o afastaram definitivamente do futebol, em 1996. Mesmo assim, o treinador fez o possível para dar continuidade a seu velho sonho, responsável por inaugurar a “Escola Internacional de Futebol do América”, em Santa Luzia, município de BH. Seu filho Renê Santana também teve participação no projeto desde 1989, até de forma mais ativa que o pai.

O América deve muito à família Santana, não apenas pelos serviços prestados, mas também por carregar o nome do clube com tanto carinho e saudosismo durante tantas gerações.

Telê até chegou a publicar uma crônica sobre suas lembranças do América, repleta de saudosismo e nostalgia. A crônica comemorativa ao título da Copa SP de 1996 foi publicada pelo Estado de Minas em outubro do mesmo ano, dez anos antes do histórico treinador falecer em 2006. O texto confirmou sua paixão pelo clube e tomou como nome “Meu time de coração”. Confira na íntegra:

Meu time de coração.

A garotada campeã da Copa São Paulo de juniores em 1996, reforçada por Pintado e Tupãzinho, transformou o América no novo sócio da elite do futebol brasileiro. Junto com Ponte Preta, também formada por jovens valores, o América mostrou um excelente futebol.

Tenho motivos de sobra para estar falando do América: eu e toda minha família somos torcedores do América. Meu pai, o seu Zico, lá pelos idos de 1927, 1928, era o goleiro da equipe. Eu nem era nascido, nem vi meu pai atuando, mas a paixão dele pelo clube encheu toda nossa casa.

Depois de crescido, passei a ir ao estádio e a companhar o time. Era a segunda torcida de Minas Gerais. Na época, os seguidores do Cruzeiro eram poucos. Eles só ultrapassaram os do América depois da série de campeonatos conquistados pela geração de Tostão, Dirceu e Piazza.

Os torcedores americanos diminuíram em número, mas não em exigência de bom futebol. Eles são capazes de vaiar o time, mesmo vencendo, se ele não está jogando bem. Isso, as vezes, atrapalha.

Mas, hoje, não posso fazer outra coisa que elogiar a diretoria e os jogadores do clube.”

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