JUCA SHOW

Juca Show Mineirao

Juca Show é imortalizado na calçada da fama do Mineirão um dia antes do início das reformas do estádio para a Copa do Mundo.

Juca Show é considerado um dos maiores ídolos da história do América: O craque brilhou com a camisa americana no início da década de 70, sobretudo durante o Campeonato Brasileiro da Série A de 1973, quando liderou o Coelho rumo à sua melhor colocação na história do torneio, o sétimo posto. Ao lado de outros doze ex-jogadores do América, o eterno Juca possui os pés imortalizados na calçada da fama do estádio do Mineirão, onde é considerado um dos jogadores que mais brilhou no estádio.

Juca Show foi um daqueles craques que não precisou conquistar títulos para conquistar o status de ídolo da torcida. Momentos de enorme destaque individual e um grande amor à camisa americana foram suficientes para colocar o craque no hall maior dos ídolos americanos.  Afinal, Juca Show permaneceu frequentando os jogos do América como torcedor até o dia de seu falecimento, enquanto como jogador, era o tipo de craque que encantava o torcedor com um futebol alegre, marcado por dribles desconcertantes e uma habilidade fora do comum, no melhor estilo “show-man”, como bem sugere seu nome de batismo no futebol.

Juca Show

Nascido na capital paulista, Juca Show teve passagens pela base do São Paulo ainda jovem, mas começou a carreira profissional bem longe de casa, no futebol do interior mineiro, à serviço do Ituiutaba. Mas as primeiras aparições de destaque do meia foram mesmo pelo Independente de Uberaba, em 1967, quando foi considerado uma das principais revelações do Campeonato Mineiro.

Alguns anos depois, o craque voltaria a brilhar no Campeonato Mineiro de 1971 pelo modesto Fluminense de Araguari. Juca Show chamou atenção, sobretudo, em partida contra o Coelho, sua futura equipe: Na penúltima rodada do certame, o craque só faltou fazer chover contra uma das melhores formações da história do América, garantindo o empate de sua equipe por 1×1, resultado que quase comprometeu o título estadual americano invicto. Juca Show jogou tanta bola naquele jogo, que os próprios torcedores contribuíram financeiramente para adquirir o passe do jogador, durante o folclórico caso que ficou conhecido como “a vaquinha para contratar Juca Show”.

Os torcedores americanos provaram estar certo e o jogador não demorou para se entrosar com aquele time mágico de 1971, campeão mineiro invicto e que garantiu presença no primeiro Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão da história. A parceria entre Jair Bala e Juca Show durante a histórica Série A Nacional de 71 marcou o encontro histórico de dois ídolos sagrados do pavilhão americano, mesmo que por pouco tempo.

Mas o principal momento de Juca Show pelo América seria mesmo em 1973, quando o craque liderou o clube rumo ao vice-campeonato estadual e à sétima colocação na Série A do Campeonato Brasileiro, a melhor colocação do clube na história da competição. Naquele ano, o Coelho chegou a liderar o Campeonato Brasileiro por algumas rodadas, mas não conseguiu manter o bom desempenho após a demissão do identificado treinador Orlando Fantoni no meio da competição, que deixou o clube após ter pedido de aumento salarial recusado pela diretoria.

Sem o antigo treinador, que sabia dirigir Juca Show “como quem pilotava uma Ferrari”, o América caiu de rendimento e ficou em terceiro lugar de seu grupo e em sétimo lugar geral. Mesmo assim, aquele time ficou lembrado por atuações históricas durante o Campeonato Nacional, quase sempre lideradas por Juca, como as vitórias sobre Vasco da Gama, Atlético-MG, Corinthians e Santos, ainda com Pelé.

Nessa época, Juca Show chegou a ser cogitado para integrar a Seleção Brasileira durante a Copa de 1974 e fez parte das listas de pré-convocação do Mundial, mas foi cortado da lista às vésperas do torneio. O antigo treinador da Seleção, Mario Zagallo, declarou publicamente que o craque americano era um jogador de nível de seleção Brasileira e até foi visitar o Mineirão para avaliar seu desempenho, além de outros jogadores americanos que também encantavam o Brasil, como Pedro Omar e o goleiro Neneca.

Juca Show também recebeu elogios públicos de membros importantes da mídia esportiva nacional do período: Enquanto o lendário João Saldanha, jornalista e antigo treinador da Seleção Brasileira, o definiu como “O Novo Didi”, “O Mestre” Nelson Rodrigues, impressionado pela atuação do jogador durante a vitória americana por 2×1 sobre o Vasco em pleno Maracanã, escreveu uma coluna em sua homenagem, no dia seguinte a partida, batizada de “Seu Nome é o Show”. O célebre Armando Nogueira também se rendeu ao talento do craque, ao exigir a convocação de Juca Show para a Copa do Mundo de 1974.

No entanto, depois da disputa do Campeonato Brasileiro, um valorizado Juca Show foi vendido ao Náutico, ao lado dos craques Pedro Omar e Neneca, a pedido de seu antigo técnico no América, Orlando Fantoni.  Os ex americanos não decepcionaram e foram campeões pernambucanos de 1974, após alguns anos de jejum do Timbu.

No total, Juca fez 71 partidas pelo Coelho entre 1971 e 1974 e marcou nove gols. O craque teve seu pé imortalizado na calçada da fama do Mineirão em 2010, apenas dois dias antes da grande reforma do estádio para a Copa do Mundo de 2014.

Xodó eterno da torcida americana, Juca costumava frequentar o Independência nos dias de jogo do Coelho. Amigo íntimo dos torcedores, Juca Show nunca recusou o abraço de nenhum americano e se alegrava com pedidos de autógrafos e fotos. No entanto, após driblar tantos zagueiros, Juca Show jamais conseguiu driblar a bebida que lhe causou tantos problemas durante a carreira – como tanto costumam dizer nas esquinas do Independência.

Em 2011, a triste notícia de que Juca Show era vítima de um câncer generalizado abalou o coração dos fieis americanos. Juca passou seus últimos dias sob dificuldades, e coube ao América financiar o tratamento de seu ídolo após tantos anos.

No dia 31 de dezembro de 2011, apenas um dia antes do América entrar no ano de seu centenário, a tristeza tomou conta do Horto com o adeus a Juca, que deixou a Terra para imortalizar-se na história do Coelho. Aos torcedores, coube a ilusão de que o antigo meia deixou o América às vésperas do centenário para poder comemorar a data ao lado dos antigos heróis do pavilhão. Juca Show foi um dos grandes nomes da instituição América, e, talvez, sua morte tenha ocorrido em um dia tão simbólico para o Coelho adentrar seu centenário em contato com aqueles que deram a vida para construir o clube.

Juca Show Mineirao 2

Juca Show durante a cerimônia que o imortalizou na calçada da fama do Gigante da Pampulha.