Dênis

Denis vs Cruzeiro

FICHA TÉCNICA:

NOME COMPLETO: Dênisson Ricardo de Souza
Data de nascimento:
27/04/1974
Clubes:  América-MG (1990-2000, 2006-2007); Villa Nova-MG (empr.) (1994; 1996); Valeriodoce (empr.)  (1995); Uberaba -(empr.) (1996); Botafogo-RJ (2000-2001); Goiás (2002); Sporting Cristal (2002); Palmeiras (2003); Portuguesa (2004); Paysandu (2004); Grêmio (2005);
Partidas pelo América: 199
Gols pelo América: 19

Dênis foi um dos principais ídolos da torcida americana durante a chamada “Era Independência”: O zagueiro defendeu o Coelho cerca de 10 anos e teve participação em todas as principais conquistas do clube na década. Autor de 199 partidas e 20 gols pelo América, Dênis é considerado um dos melhores jogadores de sua posição na história do clube, onde é lembrado pela fidelidade e comprometimento com a instituição.

Outra grande cria da base americana, Dênis começou sua carreira nas categorias de base do Coelho em 1990. Apesar de atuar como zagueiro, o jogador impressionou ao ser o vice-artilheiro do América no Campeonato Mineiro de Juniores de 1992 e recebeu uma chance no profissional como recompensa, após suspensão do titular Luiz Carlos Marins, outro grande zagueiro americano, autor de 273 partidas pelo clube.

Denis 1990

Dênis: Americano desde 1990.

Com apenas 17 anos de idade, Dênis foi considerado pela imprensa uma das principais revelações do Estadual de 92, durante a campanha que levou o time americano a final do Campeonato Mineiro pela primeira vez em 19 anos. No fim de sua primeira temporada pelo América, ainda participou do retorno do América à Série A do Campeonato Brasileiro depois de 11 anos.

Teria o América achado um amuleto da sorte? Talvez, porque na temporada seguinte, Dênis conquistaria o primeiro título da carreira profissional, durante a histórica conquista americana do Campeonato Mineiro após 22 anos de jejum. O zagueiro de apenas 18 anos ainda era reserva da dupla formada por Luis Carlos Marins e Lelei, mas mesmo assim participou de um sólido setor defensivo, responsável por ficar mais de 400 minutos sem sofrer gol durante a competição.

O futuro ídolo estava tendo um bom início de carreira pelo América, mas depois do clube ser banido do circuito nacional após acionar a Justiça Comum contra a a CBF, muitos jogadores da base tiveram que ser emprestados para aliviar a folha salarial de uma equipe sem divisão nacional. Dessa forma, assim como outros futuros ídolos como Wellington Paulo, Dênis foi um dos tantos jogadores da base do Coelho que foi emprestado para equipes do interior mineiro entre 1994 e 1996: O jogador defendeu o tradicional Villa Nova, de Nova Lima, no segundo semestre de 1994 e no Campeonato Mineiro de 1996, permaneceu no Valeriodoce durante toda temporada de 1995 e ainda teve uma breve passagem pelo Uberaba no segundo semestre de 1996.

Mas Dênis se firmou definitivamente no América ao retornar de empréstimo em 1997, quando provou de vez que conferia uma estranha sorte ao clube. Afinal, bastou o zagueiro voltar para o América ser campeão de seu primeiro título nacional, o Campeonato Brasileiro da Série B. Então com 23 anos, Dênis voltou a participar com frequência da equipe titular do América e participou com eficiência do setor defensivo mais bem-sucedido da história do clube. Ao lado de alguns dos mais célebres defensores americanos, como Ricardo Evaristo, Gilberto Silva, Wellington Paulo e Júnior, o jogador contribuiu para a equipe permanecer durante todo Campeonato Brasileiro sem sofrer nenhum gol no estádio do Independência, somando mais de 1000 minutos de invencibilidade como mandante, um recorde nacional entre equipes mineiras. O jogador ainda era reserva, mas no papel de substituto imediato de Ricardo Evaristo e Júnior, em caso de lesão ou suspensão dos titulares, e, no fim, atuou em 19 das 23 partidas do certame, tendo mais minutos em campo que o titular Ricardo.

Denis 00

Dênis participou do título brasileiro de 1997 como o primeiro reserva do Coelho. (Foto: Reprodução – Acervo Torcida Desorganizada Avacoelhada)

Em 1998, Dênis enfim assumiu a titularidade do América e não largou mais o osso até deixar o clube. Em 1999, foi o capitão da equipe que levou o América à final do Campeonato Mineiro e que garantiu o acesso à série A de 2000. O jogador logo se tornou uma das presenças mais fortes do clube na época, tendo um importante papel de liderança para o elenco.

O zagueiro tinha o América como a própria casa e família e, sem fugir das responsabilidades típicas de um capitão, ajudava os companheiros dentro e fora de campo sempre com muita dedicação, ética e comprometimento. Diversos são os casos que confirmam esse aspecto de liderança do jogador: Dênis diretamente evitou a dispensa de Fábio Noronha após ato de indisciplina, fazendo com que o goleiro se regenerasse e renovasse o contrato diversas vezes, levou o artilheiro Somália para morar em sua própria casa e direcionou a carreira do jogador quando foi transferido para o exterior, ajudou o talentoso Claudinei a se controlar, jogador que tragicamente faleceu em 2004, e ainda influiu diretamente para evitar que o maior campeão da história do América desde o deca-campeonato deixasse o clube, influindo diretamente na permanência do zagueiro Wellington Paulo.

A interferência de Dênis para a permanência de Wellington Paulo noo clube foi um dos casos mais emblemáticos de liderança e visão do capitão americano. Confiando no talento e integridade de WP, Dênis fez de tudo a seu alcance para que o então jovem zagueiro, que havia acabado de retornar de um empréstimo ao Americano-RJ, enfim recebesse suas merecidas chances na equipe titular do Coelho. Apesar de certa desconfiança da diretoria em um primeiro momento, a dupla não decepcionou, foi a melhor defesa do Campeonato Mineiro de 1999, chegou à final contra o Atlético-MG e só não foi campeão por causa de um erro do árbitro Luiz Afonso Bicalho na terceira final, a única que foi apitada por um juiz caseiro (1×1, 0x0 e 0x1).  No futuro, Wellington Paulo acumularia 315 partidas e 6 títulos pelo Coelho, tudo graças a Dênis, que lhe deu um voto de confiança lá atrás em 1999.

Dupla afiada

Dênis e WP: Parceria dentro e fora dos gramados.

A consagração merecida do defensor veio com a conquista de seu terceiro e último título pelo clube, a Copa Sul-Minas de 2000, quando formou uma histórica dupla de zaga com seu antigo companheiro Wellington Paulo. Com atuações seguras e convincentes durante o título, Dênis consolidou-se ainda mais como ídolo americano, não apenas pela qualidade em campo, como também pela dedicação fora dele. Pouco a pouco, o jogador ganhou a torcida pela raça, qualidade e voluntariedade nos gramados, mas também pelo longo tempo de casa e pelo comprometimento com a causa mineiro-americana.  Com a conquista regional de 2000, Dênis completou sua “trinca pessoal” de títulos pelo Coelho, sendo campeão pelo clube em nível estadual, regional e nacional. A taça apenas coroou a incrível carreira de um jogador que esteve ao lado do América durante mais de 10 anos, da terceira à primeira divisão, do título mineiro após 23 anos, até o primeiro título brasileiro e regional da história do clube.

Denis _ WP SULMINAS

A histórica dupla de zaga formada por Dênis e WP é considerada uma das melhores da história do América. Ambos interferiram diretamente na conquista da Copa Sul-Minas de 2000.

Valorizado e preterido pelas maiores equipes do país, Dênis foi vendido para o Botafogo-RJ em 2000, por cerca de R$1.000.000. O clube carioca venceu disputa acirrada contra o São Paulo e contratou o jogador logo após o fim do Estadual daquele ano. Pouco antes, Dênis havia recusado uma transferência para o Atlético-MG, que pretendia leva-lo junto a Gilberto Silva e Irênio. O jogador ainda teve boas passagens por outras equipes competitivas do futebol brasileiro, como o Goiás em 2002, o Palmeiras em 2003, o Paysandu em 2004 e o Grêmio em 2005.

Pouco antes de pendurar as chuteiras, Dênis confirmou um esperado retorno ao Coelho em 2006. No entanto, a volta do ídolo foi ofuscada pelo mau momento do clube na época e o zagueiro teve que deixar o América após 3 meses de salário atrasado, rumo a uma transferência para a China em 2007, quando recusou-se a acionar à Justiça contra o time do seu coração.

Nota-se que a carreira de Dênis serve como registro da história do América durante a década de 90. Não é a toa: São poucos que tem a honra de dizer que defendeu um clube por 10 anos. Ao todo, foram 199 partidas, 20 gols, 3 títulos e 3 vice-campeonatos.

Atualmente, Dênis é sócio e fundador da empresa DR3 Sports, que administra a carreira de mais de 50 atletas em atividade no futebol profissional. O jogador mais ilustres já empresariado por Dênis foi Gilberto Silva, seu antigo parceiro de zaga no Coelho entre 1997 e 1999.

Questionado sobre a qualidade da base americana na década de 90, Dênis não hesitou em destacar a humildade, valentia e união como fatores determinantes para o sucesso dos garotos americanos:

“Não tinha vaidade em dizer se quem cuida da base era A ou B. Éramos do América. Queríamos jogar no Independência ou no Mineirão contra Atlético e Cruzeiro para mostrar que éramos capazes de vencer. Éramos uma família que respeitava um ao outro, e o América na frente. Quem viesse, tinha que se enquadrar, se não estava fora.” – disse o zagueiro em entrevista exclusiva para o Acervo do Coelho.